domingo, 26 de maio de 2013

PARTE 1 - TDAH - DOURADOS: 282- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado

TDAH - DOURADOS: 282- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado

282- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado



A maior parte das pessoas é neurologicamente equipada para determinar o que é importante e para se motivar a fazê-lo, mesmo quando isso não for interessante para elas. Então, há o restante de nós, que temos TDA. Por William Dodson. M.D.

O TDAH é uma condição confusa, contraditória, inconsistente e frustrante. É opressiva para as pessoas que vivem com ela todos os dias. O critério de diagnóstico que foi usado nos últimos 40 anos deixa muitas pessoas se perguntando se elas têm o problema ou não. Os diagnosticadores têm uma lista longa de sintomas para procurar e descartar. O Manual de Estatística e Diagnóstico das Doenças Mentais (DSM) tem 18 critérios, e outras listas de sintomas citam quase 100 características.

Os médicos, eu incluído, têm tentado estabelecer um modo mais simples e claro para entender as deficiências do TDAH. Procuramos a linha branca e brilhante que define a condição, explica a fonte dos problemas e dá a direção para o que fazer sobre isso.

Meu trabalho na última década sugere que esquecemos algo importante sobre a natureza fundamental do TDAH. Voltei-me para os especialistas no problema – as centenas de pessoas e suas famílias com quem trabalhei e que foram diagnosticadas como portadoras – para confirmar minha hipótese. Minha meta era procurar a característica que todos os portadores de TDAH tivessem e que as pessoas neurotípicas [pessoas normais] não tivessem.

E a encontrei. É o sistema nervoso do TDAH, uma criação única e especial que regula a atenção e as emoções de formas diferentes das do sistema nervoso dos que não têm a condição.

A zona do TDAH

Quase todos os meus pacientes e suas famílias querem abandonar o termo Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade porque ele descreve a maneira oposta do que eles sentem a cada momento de suas vidas. É difícil chamar alguma coisa de transtorno quando ela implica muitas coisas positivas. O TDAH não é um sistema nervoso lesionado ou defeituoso. É um sistema nervoso que funciona bem usando seu próprio conjunto de regras. Apesar da associação do TDAH a dificuldades de aprendizagem, muitas pessoas com um sistema nervoso TDAH têm QI significativamente acima da média. Elas também usam esse QI mais alto de modo diferente das pessoas neurotípicas. Quando chegam ao ensino médio, muitas pessoas com o TDAH são capazes de superar problemas que paralisam os outros, e podem chegar a soluções que ninguém previu.

A grande maioria dos adultos com um sistema nervoso TDAH não é abertamente hiperativa. Eles são hiperativos internamente.

Os que são portadores não têm falta de atenção. Eles prestam atenção a tudo. Muitas pessoas com TDAH sem tratamento têm quatro ou cinco coisas em sua mente de uma só vez. A marca registrada do sistema nervoso TDAH não é o déficit de atenção, mas a atenção inconsistente.

Todos com TDAH sabem que podem ficar “normais” ao menos quatro a cinco vezes por dia. Quando eles estão “normais”, não têm nenhuma deficiência, e os déficits de função executiva que pudessem ter antes de ficarem “normais” desaparecem. Os TDAH sabem que eles são brilhantes e espertos, mas eles nunca têm certeza de que suas habilidades aparecerão quando precisarem delas. O fato de que os sintomas e as deficiências vão e vêm ao longo do dia é o traço definidor do TDAH. Ele torna a condição mistificadora e frustrante.

As pessoas com TDAH geralmente entram na “zona normal” quando estão interessadas ou curiosas no que estão fazendo. Eu chamo isso de um sistema nervoso baseado no interesse, ou sistema nervoso motivado. Amigos e familiares críticos  vêm isso como duvidoso ou oportunista. Quando os amigos dizem “Você consegue fazer as coisas de que gosta”, eles estão descrevendo a essência do sistema nervoso TDAH.

Pessoas com TDAH também entram na “zona normal” quando são desafiadas ou envolvidas por meio ambiente competitivo. Às vezes, uma nova atividade atrai sua atenção. A novidade tem vida curta, entretanto, e tudo fica velho num instante.

Muitas pessoas com um sistema nervoso TDAH podem se envolver em atividades e contar com suas habilidades quando a tarefa é urgente – o último dia de um compromisso, por exemplo. Por isso que a procrastinação é um problema quase universal nas pessoas com TDAH. Elas querem terminar a tarefa, mas não conseguem começar a não ser que a tarefa se torne interessante, desafiadora ou urgente.

Como o Resto do Mundo Funciona

As 90 por cento de pessoas sem TDAH no mundo são ditas “neurotípicas”. Não é que elas sejam “normais” ou melhores. Sua neurologia é aceita e aprovada pelo mundo. Para as pessoas com um sistema nervoso neurotípicos, estar interessada na tarefa, ou desafiada, ou achando a tarefa uma novidade ou urgente, ajuda, mas não é um pré-requisito para fazê-la.

As pessoas neurotípicas usam três diferentes fatores para decidir o que fazer, como começar e para não interromper até que termine:

1- o conceito de importância (elas pensam que devem dar conta)

2- o conceito de importância secundária – elas são motivadas pelo fato de que seus pais, professores, chefes, ou alguém que respeitam acham que a tarefa é importante para ser aceita e completada.

3- o conceito de recompensas por fazer uma tarefa e as consequências e punições por não fazê-la.

Uma pessoa com sistema nervoso TDAH nunca foi capaz de usar a ideia de importância ou de recompensas para iniciar e terminar uma tarefa. Elas sabem que é importante, elas gostam de recompensas, e elas não gostam de punições. Mas, para elas, as coisas que motivam o resto do mundo são simplesmente chateações.

A incapacidade de usar a importância e a recompensa para se motivar tem um impacto por toda a vida dos portadores de TDAH:

 Como podem os diagnosticados com o transtorno escolher entre as múltiplas opções se eles não conseguem usar os conceitos de importância e de recompensa financeira para motivá-los?

 Como podem tomar grandes decisões se os conceitos de importância e de recompensa não são úteis na tomada de decisão nem são uma motivação para fazer o que escolhem? Esse entendimento explica por que nenhuma das terapias cognitiva e comportamental usadas para controlar os sintomas do TDAH tem benefícios duradouros. Os pesquisadores veem o TDAH como decorrência de um defeito ou déficit localizado no sistema nervoso. Eu vejo o TDAH como originado de um sistema nervoso que funciona perfeitamente bem por seu próprio conjunto de regras. Infelizmente, ele não funciona com nenhuma das regras ou técnicas ensinadas e encorajadas no mundo neurotípicos. Por isso:

 Os TDAH não se encaixam no modelo escolar padrão, que é construído em repetir do que alguém pensa que é importante e relevante.

 Os TDAH não se sobressaem no emprego padrão que paga às pessoas para trabalhar no que alguém (principalmente o patrão) pensa que é importante.

Os TDAH são desorganizados porque quase todo sistema organizacional que existe é baseado em duas coisas: priorização e gerenciamento, em que os TDAH não se dão bem.

 Os TDAH têm dificuldade de escolher entre alternativas, porque tudo tem a mesma falta de importância. Para eles, todas as alternativas parecem a mesma coisa.

Pessoas com sistema nervoso TDAH sabem que, se elas se envolvem em uma tarefa, elas podem fazê-la. Longe de serem gente lesionada, as pessoas com sistema nervoso TDAH são brilhantes e espertas. O principal problema é que receberam um manual do proprietário neurotípicos no nascimento. Ele funciona para todo mundo, não para elas.

Na próxima postagem, a segunda parte deste artigo do Dr. William Dodson.

TDAH - DOURADOS: 283- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado - Parte 2

TDAH - DOURADOS: 283- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado - Parte 2

283- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado - Parte 2


 Por William Dodson M.D.

Não transforme os TDAH em Neurotípicos

As implicações desse novo entendimento são vastas. A primeira coisa a fazer é para os coaches (treinadores), médicos e profissionais pararem de tentar transformar as pessoas TDAH em pessoas normais (neurotípicas). A meta deve ser intervir o mais cedo possível, antes que os indivíduos TDAH sejam frustrados e desmoralizados pela disputa em um mundo neurotípicos, onde a cadeira é empunhada contra ele. Uma abordagem terapêutica que tem uma chance de funcionar, quando nada mais tenha funcionado, deve ter duas etapas:

Nivelar o campo de ação neurológico com medicação, de modo que o indivíduo TDAH tenha a capacidade de atenção, de controle do impulso e a habilidade de ficar calmo por dentro. Para muitas pessoas, isso requer duas medicações diferentes. Os estimulantes melhoram o desempenho no dia-a-dia, auxiliando na realização das tarefas. Eles não são eficazes para acalmar a agitação interior que muitos portadores de TDAH têm. Para esses sintomas, a maioria das pessoas se beneficiará pela adição de uma medicação alfa agonista (clonidina ou guanfacina) ao estimulante.

Entretanto, apenas a medicação não é o bastante. Uma pessoa pode tomar a medicação correta na dose certa, mas nada mudará se ela ainda abordar as tarefas com as estratégias neurotípicas.

A segunda etapa do controle dos sintomas do TDAH é fazer um indivíduo criar seu próprio manual do TDAH. Os manuais genéricos que já foram escritos desapontaram as pessoas com o transtorno. Igual a todo mundo, os que têm TDAH crescem e amadurecem ao longo do tempo. O que interessa e desafia alguém aos sete anos de idade não causará interesse e desafio aos vinte e sete anos.

Escreva Suas Próprias Regras

O manual TDAH do proprietário deve ser baseado nos sucessos correntes. Como você entra na zona normal? Sob quais circunstâncias você acerta e progride na sua vida atual? Em vez de focalizar no que você falha, você precisa identificar como você entra na zona normal e funciona em níveis notáveis.

Eu geralmente sugiro que meus pacientes portem um notepad ou um gravador por um mês para escreverem ou ditarem o que os faz entrar na zona normal.

Seria porque eles fiquem curiosos? Se for o caso, o que, especificamente na tarefa ou na situação os intriga? Seria porque se sintam competitivos? Se for o caso, o que no “oponente” ou na situação faz aparecer os humores competitivos?

No final do mês, muitas pessoas reuniram 50 ou 60 técnicas diferentes que sabem funcionar para elas. Quando chamadas a desempenhar e a se tornarem engajadas, agora entendem como seu sistema nervoso trabalha e quais técnicas são úteis.

Já observei que essas estratégias funcionam para muitos portadores de TDAH porque eles fizeram uma recapitulação e descobriram os gatilhos de que precisam para progredir. Essa abordagem não tenta mudar pessoas com um sistema nervoso TDAH em pessoas neurotípicas (como se isso fosse possível), mas proporciona ajuda duradoura porque se apoia em suas potencialidades.

ADDitude

O tratamento ideal do tdah

O blog TDAH -DOURADOS postou um artigo sobre o risco dos tratamento dos portadores de tdah por profissionais que tentam transformá-los em neurotípicos, ou seja, em pessoas sem as dificuldades trazidas pelo tdah.
A crítica é feita pelo fato de ser impossível transformar um tdah numa pessoa igual a que não tem tdah; mas é possível transformar um portador de tdah numa pessoa que foque nas suas facilidades e qualidades ao invés de se concentrar nas dificuldades.
Hoje mesmo respondi um comentário falando justamente isso:
"Oi Larissa! É bom sabermos que não estamos sozinhos né?
Quando comecei a me tratar também me fortaleceu muito ler blogs de pessoas que enfrentam as mesmas experiências (depois de uma olhadinha nos que eu sigo que vão te ajudar bastante).
É muito importante nos identificarmos e aprendermos juntos. Cada um tem sua trajetória de vida, mas as dificuldades são quase sempre as mesmas e ver como os outros lidam com elas é muito bom.
A yoga para mim foi muito importante, me ajudou a ficar menos ansiosa. Mas, para mim não foi o suficiente, pois a intensidade do meus sintomas do tdah são muito altos e quando fui diagnosticada já tinha desenvolvido comorbidades e doenças ligadas a luta solitária de 30 anos contra tais sintomas (se vc ler a minha postagem de apresentação do blog vai entender). Sou muito desatenta e muito hiperativa, que beleza né kkkkkkk

Para mim, as consultas mensais com um psiquiatra excelente (que busca me alertar mais para o desenvolvimento de minhas habilidades que enfatizar minhas dificuldades e me faz perceber que minhas limitações só me impedem de ir tão rápido como meus pensamentos, mas não impedem que alcance meus objetivos) e com uma psicóloga também portadora de tdah que me desafia a lutar pelos meus sonhos no plano da realidade e não só nas minhas viagens diárias à lua kkkkk

Outro fator que me ajuda bastante é a luta diária pela extinção de meus pensamentos negativos, é impressionante como o hábito de pensar positivo traz benefícios concretos, o único problema é que nem sempre lembro de fazer isso kkkkkkk
Quanto a sua opção em não tomar medicamentos é um coisa pessoal, eu por exemplo não quero tomar ritalina pelo resto da minha vida e segundo meu psiquiatra esse não é o objetivo. A finalidade de tomá-la é reorganizar o pensamento e prestar atenção (se possível kkkkk) em como seu cérebro faz quando está mais focado, para depois isso se tornar um hábito consciente que a libertará dos remédios. Para mim tem ajudado bastante, mas se não quiser tomar não há problema algum, mas é importante fazer uma terapia cognitivo comportamental para aprender como lidar com os sintomas do tdah sem sofrer tanto.
Enfim, acho que falei demais né! Eita impulsividade kkkkkkk
Estarei aqui para o que precisar!
Prazer em conhecê-la e sinta-se a vontade para compartilhar suas experiências no blog.
Bjão.
Aline."

Para lerem o texto cliquem no link a seguir:TDAH - DOURADOS: 283- TDAH e o Sistema Nervoso Motivado - Parte 2

terça-feira, 21 de maio de 2013

Mandamento dos tdah: "Não se entregue e não deixe a maré te levar"

A dádiva de se reerguer do tdah

É impressionante como nós portadores de tdah sempre renascemos das cinzas.
Adoro isso em mim, me sinto como o Rock Balboa preste a iniciar aqueles treinamentos puxados.
É tão bom poder recomeçar!
O duro é que o nosso recomeço é quase que semanal ou senão diário kkkkk
Neste renascimento sempre estou aberta a novas coisas e isso que me amadure e me prepara para o próximo futuro e certo recomeço.
Lembrar que Deus sempre está comigo me traz muita força e saber que tudo que acontece de ruim é por minha exclusiva culpa, pois ele nos indica o caminho, mas nem sempre o escutamos. A distração do dia dia nos faz surdos, imagine nós tdah então kkkkkk
Mas o engraçado é que nos meus momentos de "mundo da lua" que entro em contato com ele e sinto todo seu amor.
Enfim, ai vai um conselho de amiga: mesmo se não acreditar em Deus, acredite no AMOR porque isso faz toda diferença!




domingo, 19 de maio de 2013

A luta desleal do tdah: quando a determinação resulta em comorbidades.

Às vezes simplesmente não sei se ganhar a queda de braço da minha desatenção é uma vitória... como concentrar me cansa...
Focar em algo não é natural para mim e o filtro que a ritalina construiu artificialmente foi derrubado com toda força pela exaustão.
Minha teimosia sempre me leva ao mesmo lugar: esgotamento.
Sinceramente, não sei mais o que fazer... coisas mínimas do dia à dia são enormes batalhas para mim, como lidar com toda essa limitação?
Há dias tenho a sensação de que minha cabeça encolhe e começa a espremer meu cérebro e nessas horas críticas não há santo que me faça voltar para a terra. O mais assustador é que neste período nem minha imaginação consegue sobreviver, é como se meu corpo clamasse pela solidão.
O cansaço é tão grande que um milagre acontece: não quero pensar em nada e meu cérebro também rejeita qualquer tentativa de pensamento.
Enfim, fico me perguntando se essa luta sempre vai acabar assim?
Será que sempre serei derrotada por mim mesma?
Será que a persistência e a determinação nunca me trarão prêmios justos, sem o brinde de uma nova doença?
Já superei muitas coisas, mas às vezes tenho a impressão de que o preço pago por tamanha coragem é alto demais: minha saúde.
Não sei se o fato de viver como se não estivesse doente é que me traz mais doença... Mas, faço isso porque  lembrar diariamente da fragilidade de meu corpo é uma pena pesada demais para quem sempre foi uma espoleta.
Essa vida de extremos e as queda de braço para sair de um lado para o outro é uma constante, por mais que eu tente viver no meio termo, são nas extremidades que encontro a adrenalina suficiente para me manter firme e perseverante.
Acho que nisso sou diferente de alguns portadores de tdah, pois não consigo abandonar o que gosto, mesmo que isso me faça mal.
Minha paixão que sempre foi o combustível necessário e suficiente na superação de desafios, terá que ser somado a outros aditivos, pois cada obstáculos exigirá uma estratégia diferente. E este é o maior desafio do tdah: conseguir focar na situação atual e ver que algo mudou.
Terei que me reeducar constantemente e aceitar que a linha de chegada vai ser cada vez mais distante e que algumas vezes terei que caminhar nessa longa maratona.

domingo, 12 de maio de 2013

SER MÃE: homenagem às mães


SER MÃE
Ser mãe é criar uma vida, criar o futuro com base nas suas experiências do passado. Ninguém nasce mãe, mas todos nascem filhos e se tornar mãe é se tornar responsável pela a continuidade da vida humana. Mas, só verdadeiras mães ultrapassam esta função e criam outras mães ou pais que quebram a continuidade para voltar a essência perdida, baseada na verdade de que nada continua, mas que tudo sempre se inicia, pois cada dia deve ser um renascimento.