É impressionante como o dia do portador de tdah, apesar de igual, é sempre surpreendente.
Vivemos como se tudo fosse inédito, com a eterna sensação de estréia... pelo menos comigo é assim.
Vivo com o frio na barriga, principalmente nas situações que exigem uma concentração e autocontrole... é engraçado como a técnica que usei, no dia anterior, para me desvencilhar deste temor nunca vem em minha mente de imediato...
Demoro a perceber que, NOVAMENTE, minhas emoções e pensamentos negativos automáticos estão me colocando em apuros...
E por isso, tenho treinado minha mente a emitir pensamentos automáticos POSITIVOS. O engraçado é que funciona, mas ele também vai embora muito rápido se não tento vivenciar o que repito internamente.
Como é difícil mudar uma mente de 33 anos acostumada a se inferiorizar e supervalorizar os demais.
A boa notícia é que a luta vem sendo travada constantemente, mas a guerra está longe de terminar. Afinal, sem quedas não há crescimento.
Por outro lado, será que a gente tem que cair tanto?
Será que nossa vida tem que ser essa eterna luta desproporcional?
Por que levantar a bandeira pelo tratamento dos portadores de TDAH e DPAC em conformidade com as suas limitações é tão angustiante e aterrorizante?
Devo ser sincera que tenho muito medo da reação ignorante das pessoas...
Fiquei fortemente horrorizada com a declaração do Senador Cristovam Buarque, logo ele que defende tanto o direito à educação! Até onde eu sei a educação é direito de todos, com ou sem tdah!
Assim, a disponibilização de instrumentos garantidores ao nosso acesso e permanência nas instituições de ensino, está totalmente relacionado com a concretização do princípio da igualdade real na seara da educação!
Quanta falta de informação!
Isto me assusta, porque vejo que nossa luta pela conquista de direitos tão básicos como a educação será mais árdua que imaginava. Essa enxorrada de
desinformações cria uma polêmica desnecessária e preconceituosa que promove e estimula a recriminação dos portadores de tdah que fazem uso da migalha do direito que já foi alcançado, tal como o de ter mais uma hora de prova.
Ora, o tdah não nasce em razão da educação básica deficitária, ele existe ainda que o ensino seja de qualidade.
Tratar uma adequação a igualdade de oportunidades como
privilégio e não direito é compreensível, no caso de leigos, mas em se tratando de um Senador (guardião da Constituição e das normas) é um absurdo e uma afronta ao caráter e a dignidade dos portadores de tdah. Aduzir, ainda que implicitamente, que os que fazem uso desse direito são oportunistas é lamentável!
Enfim, como eu disse no começo do texto, nossos dias serão de eternas lutas e constantes surpresas com as nossas emoções por fatos que, infelizmente, se repetem todos os dias!
Segue abaixo a entrevista do citado Senador no programa Voz do Brasil:
http://www.senado.gov.br/noticias/Radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=1&COD_AUDIO=574111