domingo, 19 de abril de 2015

Consequências reflexas do TDAH/DPAC: ausência de amor próprio

"Quem se ama, se respeita e se aceita e, consequentemente, ama, respeita e aceita o outro como é.
Por isso, quando me amo não espero nada do outro, pois nada me falta já que me amo.
Nesta visão, não é justo esperar ou criar expectativas sobre alguém, porque isso mantém o círculo vicioso e infantil de ser para os outros sem ser para si." Aline.

Cada vez mais passo a acreditar e ter certeza que muitos dos meus problemas são fruto da falta de amor próprio.
Ai vocês podem perguntar: você não se ama?
E minha resposta será depende, há coisas em mim que admiro, outras apenas não rejeito, porém existem algumas que escondo até de mim e o TDAH e o DPAC são duas delas.
Penso que antes de eu ter o diagnóstico e tomar consciência destas doenças era até "justificável" rejeitar esta parte em mim, para não ser rejeitada pelos outros. Contudo, hoje, com as informações que adquiri sobre a doença é ainda "válido" continuar me negando para ser aceita?
Acredito que não, mas também tenho que ser bondosa comigo e ver que não mudarei minhas crenças num piscar de olhos... afinal foram anos acreditando que alguns de meus comportamentos estavam ligados ao meu caráter, quando na verdade, à época não tinha condições de agir diferente.
Por anos, correlacionei a correção de meus atos com a satisfação alheia, isto é, se as pessoas ficam felizes com o que fiz agi certo, se não gostam agi errado...
Isto foi fazendo com que a minha opinião sobre o certo e errado fosse totalmente desconsiderada...
É claro que quando somos crianças precisamos deste referencial, o que acontece, é que na fase adulta, por termos nos acostumado a pautar nosso julgamento na reação alheia, continuamos reproduzindo este ciclo vicioso e isso não acaba nada bem...
Até que descobrimos que temos um transtorno (TDAH) e um déficit (DPAC) que justifica o porquê de termos nos tornado nosso pior inimigo... quantas vezes nos odiamos por não conseguir ser igual ou fazer a mesma coisa que outras crianças? Tenho certeza que todos responderão: quase sempre e, que isso continua acontecendo na fase adulta: por quê não consigo ser igual a todo mundo?
A resposta é óbvia e dolorosa, porque ninguém é igual, mas por quê mesmo sendo todos diferentes a maioria consegue fazer tranquilamente o que eu quase "morro" pra fazer?
A resposta que esquecemos de nos dar: porque tenho TDAH e DPAC! Simples assim.
O que não é tão simples é aceitar com amor e respeito algo que você não escolheu ter, mas que vai lhe acompanhar para sempre. Então, o que nos resta é lutar contra as falsas crenças que  conseguiram retirar de nossos corações nosso principal aliado: o amor próprio!
Precisamos resgatar nossa essência e aceitar nossas limitações e, voltar a acreditar que somos pessoas com qualidades e não só com defeitos (como passamos a acreditar).
Mas, para isso, precisamos reaprender avaliar nosso ser com olhos misericordiosos e amorosos, para que sejamos fortalecidos pelo amor próprio e possamos nos defender e impor o nosso jeito, sem culpa ou medo de rejeição.
Porque a rejeição mais perigosa é a de si, pois se me aceito a rejeição do outro fica no outro, não permito que ela me faça mal e, ainda ganho forças para combatê-la se for injusta moralmente e juridicamente.
Sei que é um longo caminho, mas o importante é dar o primeiro passo e seguir...
Acredito que nem todos que leem meu blog são católicos e, eu não tenho nada contra isso, respeito à religião de todos, pois para mim a verdadeira religião é a que te faz uma pessoa melhor.  Mas, achei muito boa essa pregação do Padre Fábio de Melo, pois ela fala mais ou menos o que tentei dizer aqui.

Padre Fábio de Melo -  Amar se para amar - Pregação Completa
amar-se para amar

sábado, 18 de abril de 2015

TDAH e o "sequestro da subjetividade"

Há algum tempo (porque começo e paro kkkk) estou lendo um livro chamado "quem me roubou de mim" do Padre Fábio de Melo e uma parte me chamou bastante atenção:

"É preciso estar emocionalmente amadurecido para que sejamos capazes de nos opor aos que ameaçam nossa subjetividade. Porque a imaturidade nos faz pensar que deixaremos de ser amados se não fizermos o que os outros esperam de nós."

Vi nesta frase o grande dilema sempre presente na minha vida e, acredito que o da maioria das pessoas que tem TDAH: faço o que eu quero e causo desgosto, raiva e reprovação dos que amo; ou faço o que esperam que eu faça e pelo menos fico livre de críticas injustas?
É claro que não devemos fazer só o que querermos, mas o fato é: o excesso de críticas que recebemos ao longo da vida pode apagar nossa essência. De uma forma ou de outra associamos a correção (entre certo e errado) de nossas atitudes com as expressões faciais positivas das pessoas ou com palavras de aprovação.
Ai que, para nós que temos TDAH, vem o problema, pois vimos muitas caretas e críticas em momentos que somente estávamos agindo conforme nossa essência, por exemplo, muitos atos analisados como errados socialmente eram inevitáveis para nós. Resultado: CRIAMOS A FALSA VERDADE que somos inadequados e que o certo é trancafiar nossa essência, a qual por ignorância foi apelidada com nomes nada agradáveis: preguiçosa, burra, rebelde etc.
Então, meus amigos, nos resta resgatar nossa subjetividade e amá-la com toda nossa força, para que independentemente da reação alheia, possamos ter certeza que somos amados pela pessoa que mais importa: nós mesmos.
Isso liberta e melhora muito nossa convivência com os demais, porque esta deixa de ser o CONSTANTE FARDO DE NEGAR-SE.